terça-feira, 21 de abril de 2015

Naturezas vivas para ver no Oceanário

Como se construiu o maior "aquário plantado" do mundo no Oceanário, em Lisboa.


Estas Florestas Submersas têm a assinatura de Takashi Amano, mestre japonês da aquariofilia, e podem ser visitadas até setembro de 2017.
 
Qualquer semelhança entre as paisagens da Amazónia, do Bornéu, da África Ocidental e o grande aquário montado no Oceanário nos últimos três meses é pura coincidência.

"A imagem universal da natureza que apresento nos tanques não será encontrada em paisagens do mundo natural", garante Takashi Amano à VISÃO. Aos 21 anos, este fotógrafo profissional japonês, nascido em Niigata, começou a viajar pelas maiores florestas tropicais do mundo, sem esquecer as matas virgens japonesas, registando as suas mutações. A sua dedicação levou-o mesmo, conta, a pôr a sua vida em risco na bacia amazónica mergulhando em rios infestados de piranhas e jacarés, só para fotografar peixes tropicais. Hoje, com 60 anos, é uma sumidade para todos os que têm a construção de "aquários plantados" como hobby. O que ele faz é "pegar na beleza da natureza fora de água e submergi-la", explica João Falcato, administrador do Oceanário e principal "culpado" por esta epopeia de água doce. Amano tem, desde 2012, um aquário com sete metros exposto no Sumida Aquarium, na torre mais alta do mundo, a Skytree, em Tóquio. Em nada comparável com os 40 metros desta sua primeira grande exposição temática a que chamou Florestas Submersas e que se inaugura, em Lisboa, esta quarta-feira, 22. Até fechar portas, em setembro de 2017, espera-se que a exposição receba um milhão e meio de visitantes. Para João Falcato, não restam dúvidas: "Pela primeira vez, o Oceanário será a razão principal de muitas viagens, vamos contribuir para o aumento do turismo em Lisboa."Rigor asiático

Quando, há dois anos, João Falcato convidou Takashi Amano para ali realizar uma exposição, não tinha em mente uma ideia concreta. O projeto foi sendo delineado pelo aquascaper japonês e a sua equipa, em conjunto com os especialistas do Oceanário.

"Foi um desafio sem precedentes, é como recriar a Natureza à sua escala", descreve Amano. A filosofia do nature aquarium é "aprender com a natureza para criar natureza ". E este é o principal mandamento do mestre que à medida que desenhava à mão as maquetas do aquário, teve de lidar com alguns imprevistos, como camuflar os quatro pilares erigidos dentro do tanque principal.

Foi um processo de trabalho onde "há meticulosidade dentro da magnificência." Um exemplo do método de trabalho rigoroso: enquanto não encheram os tanques de água foi preciso criar turnos de rega para manter a humidade 24 sobre 24 horas.

Um nature aquarium "não é apenas um aquário com plantas aquáticas dispostas no interior": "Há também pedras e troncos a representar o mundo natural; ao mesmo tempo, as plantas, os peixes, os microrganismos coexistem para recriar o equilíbrio da Natureza", explica Takashi Amano. Núria Baylina, bióloga e curadora do Oceanário, viajou até aos Açores para escolher as pedras, uma a uma. Tanto os troncos como as rochas foram lavados com água e tratados numa solução para garantir que não modificavam a acidez da água. Também as quatro toneladas de areia foram lavadas e secas em depósitos construídos para o efeito pela própria equipa do Oceanário.

Florestas Submersas será uma experiência onde vários sentidos são convocados.

O cheiro da floresta tropical, uma fragrância criada pelos perfumistas da empresa Aqua Design Amano, invade a sala de exposições.

Os sons da biodiversidade, desde cobras a rastejar, ao canto dos colibris e pica-paus, o coaxar dos sapos, aos restolhar das folhas, prometem uma viagem intercontinental.

O trabalho de sonoplastia de Mésicles Helin foi conjugado na perfeição com a banda sonora de Rodrigo Leão, um tema de 13 minutos que acompanha a exposição e que, nos fins de semana e feriados de maio e junho (às 17h e 19h), será interpretado ao vivo pelo músico lisboeta.

Amano acredita que a música transformará a visita numa experiência mais dramática e fascinante. Será que para o artista japonês a arte se sobrepõe ao natural? "A Natureza é sempre o meu mentor e o meu artista final.

Se tivermos alguma pergunta, só a Natureza terá a resposta. A minha arte não faz sentido sem tentar conhecer a Natureza e por isso, para mim, Natureza e arte nunca podem ser separadas." A conferir no Oceanário durante os próximos meses.

Fonte: http://visao.sapo.pt/naturezas-vivas-para-ver-no-oceanario=f817181



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