quinta-feira, 26 de março de 2015

Terapia de estimulação cerebral profunda para Epilepsia Refratária reduz 69% das convulsões

Resultados revelam segurança, melhoria na qualidade de vida e redução das convulsões em doentes com epilepsia grave resistente ao tratamento.
 

A estimulação cerebral profunda (ECP) em adultos com epilepsia resistente ao tratamento (refratária) permite uma redução média de 69 por cento das crises epilépticas num período de cinco anos, revela agora o estudo SANTE (Stimulation of the Anterior Nucleus of the Thalamus in Epilepsy), a maior avaliação clínica sobre esta técnica.

Os dados publicados no Jornal Neurology (edições online e impressa de Março de 2015) incluem resultados de segurança, eficácia e qualidade de vida a longo prazo associados à ECP. O estudo revela ainda que esta técnica aplicada à epilepsia está associada a uma redução sustentada e estatisticamente significativa na frequência das convulsões em crises parciais e que permite uma melhoria ao longo do tempo (redução média de 41 por cento no primeiro ano e de 69 por cento a cinco anos).

Para além da redução do número de crises, este estudo evidenciou ainda que a resposta de sucesso à técnica (pacientes com redução de episódios de 50 por cento ou mais) foi de 68 por cento ao fim de cinco anos, relativamente aos 43 por cento no primeiro ano.

Ao longo dos cinco anos, 16 por cento dos pacientes relataram um período de pelo menos seis meses sem episódios de convulsões e foram observadas melhorias estatisticamente significativas na qualidade de vida e gravidade das convulsões. O evento adverso mais grave durante os cinco anos esteve relacionado com infecção no local de implante com uma taxa de dez por cento. Não houve mortes nem efeitos adversos relacionados com o implante do dispositivo. Os problemas associados ao implante do dispositivo foram reversíveis e esperados com este tipo de procedimento cirúrgico.

A terapia de ECP para epilepsia utiliza um dispositivo médico implantado cirurgicamente, semelhante a um pacemaker cardíaco, que por meio de impulsos eléctricos, estimula um alvo no cérebro chamado núcleo anterior do tálamo (NAT), que está implicado no circuito cerebral de propagação das crises. A ECP está aprovada em mais de 30 países, incluindo o Canadá, a Austrália, Portugal e outros países da União Europeia, como tratamento adjuvante para crises parciais em adultos diagnosticados com epilepsia refractária.

"Os últimos resultados do estudo SANTE revelaram dados importantes sobre os benefícios a longo prazo da terapia de ECP no NAT, e mostraram ser promissores para os pacientes com epilepsia parcial grave, resistentes a outros tratamentos e não-candidatos à cirurgia ressectiva", diz Vicenta Salanova, MD, Professora de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Indiana e autora da publicação. "A eficácia do tratamento a longo prazo é fundamental para as pessoas que sofrem de epilepsia e é notório que a terapia de ECP está a ajudar os pacientes resistentes ao tratamento a alcançar a redução na frequência das crises e da gravidade das mesmas ao longo do tempo, levando ao mesmo tempo a melhorias significativas na qualidade de vida."

Estima-se que a epilepsia afete 50 milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo aproximadamente 6 milhões de pessoas na Europa e 2,3 milhões de adultos nos Estados Unidos. Pelo menos 30 por cento desta doença é considerada refractária, sendo diagnosticada depois de dois medicamentos anti-epilépticos falharem no controlo das convulsões.

Fonte: http://www.bragatv.pt/artigo/3489

Sem comentários:

Enviar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...